Saiu no Valor Econômico: Há mais de 20 anos, Eduardo da Rocha Azevedo ajudou a criar a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). No final do mês, ele vai embolsar sozinho R$ 13,2 milhões com a abertura de capital da quarta maior bolsa de derivativos e futuros do mundo. Rocha Azevedo não está sozinho. Além dele, mais 143 pessoas físicas vão passar o Natal com milhões de reais no bolso e devem levar, pelo menos, R$ 1 bilhão.
Marcos de Souza Barros, dono da corretora Souza Barros, uma das maiores do mercado de câmbio, é outro que vai levar uma fortuna: R$ 134 milhões, mais que muitos bancos que operam na bolsa. Daniel Mendonça de Barros, filho do ex-Ministro das Telecomunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, e sócio da Link, uma das maiores corretoras da BM&F, vai ficar com R$ 8 milhões, isso considerando que o papel saia a R$ 15,50 e a venda do lote extra.
Como ocorreu no IPO da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), alguns executivos transferiram os títulos patrimoniais das corretoras para a pessoa física em uma complexa operação de redução de capital. Com isso, deixarão de pagar 33% de Imposto de Renda (IR), cobrado das instituições financeiras, para pagar 15%. Como o cálculo é sobre milhões de reais, a redução da alíquota faz toda a diferença. Socopa, Convenção, Futura, Indusval, Interfloat e Alpes são alguns dos exemplo de corretoras que fizeram a conversão, que está sendo contestada pela Receita Federal, mas defendida pelas bolsas.
Outras, como a Magliano CCVM, corretora do presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho, optaram por manter os títulos na própria corretora e vai levar R$ 59 milhões. Já a TOV Corretora vai receber R$ 66 milhões.
Na Bovespa, 33 pessoas físicas estavam entre os acionistas vendedores. Na BM&F, são 144. A razão é que na bolsa de derivativos há a figura do operador especial (ou "scalper"), criado para dar liquidez as operações e que opera como pessoa física. Vários scalpers estão entre os vendedores dos papéis. Entre eles, está Gerson Pinto Vilhora, que vai levar R$ 12,1 milhões. Outro operador especial que vai virar milionário é Marcelo Confessor de Oliveira, com R$ 10,1 milhões.
Alguns dos vendedores das ações da BM&F são os mesmos que tinham papéis da Bovespa. Ou seja, vão ficar ainda mais milionários. É o caso de Roberto Lombardi de Barros, que começou como operador especial e hoje é sócio da corretora Interfloat. No IPO da Bovespa foi a pessoa física que mais captou, com R$ 60,4 milhões. Agora, vai embolsar mais R$ 63 milhões. Outros, como Rocha Azevedo, não participaram da venda da Bovespa.
A BM&F está vendendo 29% de seu capital em uma oferta pública de ações. O percentual pode subir para 32% com a venda de um lote extra, caso a demanda supere a oferta. A operação pode movimentar R$ 4,6 bilhões, mas o valor pode ser muito maior, dependendo do preço de venda das ações.
Já se comenta no mercado que a demanda vai ser muito maior do que foi no IPO da Bovespa, quando a procura foi mais de dez vezes superior a oferta. Segundo uma fonte qualificada, influenciado pelo sucesso da venda dos papéis da Bovespa e pela valorização das suas ações após a listagem no pregão, muito mais gente vai querer comprar BM&F.
A estréia da BM&F no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) está marcada para o dia 30. A liquidação, quando os vendedores vão receber o dinheiro, será dia 4 de dezembro. Pelo preço médio de R$ 15,50, o valor de mercado da BM&F bateu em R$ 14 bilhões. A definição do preço de venda será dia 28.